ENTREVISTA NA ÍNTEGRA-GASPARETTO
Pós UGF: Como um gestor da geração X consegue lidar com subordinados da geração Y? E vice-versa?
Prof. Luiz Eduardo Gasparetto: Essa convivência ela é realmente muito necessária dentro da empresa, porque dessa diversidade de enfoques é que surgem novidades na empresa, como criatividade e tudo mais. Mas é uma situação um pouco complicada, porque é preciso que essas duas gerações tenham uma convivência, mas com o mesmo foco, mesmo objetivo que é atingir os objetivos da empresa nem sempre isso acontece.
Porque essas gerações foram criadas de maneiras diferentes, enquanto a geração X é uma geração criada dentro da empresa, do trabalho para respeitar o chefe, para permanecer muito tempo dentro da empresa, a geração Y, não tem essa mesma cultura, então para que haja a boa convivência é preciso em primeiro lugar um respeito por parte tanto do X quanto do Y.
No sentido de entender que os dois tem alguma coisa interessante para oferecer, o gestor X precisa entender que o Y é aquela pessoa que precisa de um constante feedback, isto é precisa de uma constante afirmação do que está fazendo, se o trabalho é bom, se está ajudando. Então é preciso que o X o gestor X, entenda isso que realmente é uma preocupação muito grande do Y, essa afirmação, esse feedback constante.
Constantemente deve saber como vai o seu trabalho e até que ponto está colaborando, por outro lado é preciso que o Y entenda que não conta com uma coisa que o X tem que é a experiência e o conhecimento. Então a junção dessas duas culturas digamos assim, do X e do Y é algo complicado, mas que a empresa tem que promover, realmente porque dessa junção que vai surgir ou surgirão as idéias novas, as coisas novas, mas é preciso que os dois entendam as vantagens e desvantagens de cada uma das gerações.
O Y, por exemplo, tem algo que o X não tem enquanto o X tem a experiência, o conhecimento, o Y tem normalmente a tecnologia, ao qual o X às vezes é um pouco avesso às coisas novas.
Então é preciso de que uma forma a empresa consiga harmonizar o X e o Y, nesse sentido os dois na verdade se respeitem e entendam tanto um como o outro tem o seu lugar dentro da empresa.
Pós UGF: Quando o X é liderado pelo Y a divergência é maior?
Prof. Luiz Eduardo Gasparetto: Sim. È maior sem dúvida nenhuma, normalmente dentro das empresas hoje, o que nós temos é isso mesmo o X liderando o Y porque dentro das empresas ainda uma forma de promover as pessoas é através da antiguidade, os mais antigos, mais velhos e mais experientes. Então normalmente o que se encontra é isso, muitas empresas no sentido de harmonizar esse relacionamento, criam um programa chamado ?Programa do Mentor? e que dentro da empresa, existe um X que vai ser o mentor de um Y em sua trajetória profissional, que vai dar conselhos.
Nesse relacionamento normalmente se consegue aparar arestas, fazer com os dois acabem se respeitando e entendam que um na verdade necessita do outro e que a empresa necessita que os dois estejam juntos trabalhando.
?Então é preciso de que uma forma a empresa consiga harmonizar o X e o Y, nesse sentido os dois na verdade se respeitem e entendam tanto um como o outro tem o seu lugar dentro da empresa?.
Pós UGF: Como uma empresa pode manter um talento da geração Y?Prof. Luiz Eduardo Gasparetto: O Y é muito sensível a desafios, então a primeira coisa que a empresa precisa lembrar é que muitas vezes, a sua cultura é uma cultura arcaica, uma cultura que digamos assim, onde as pessoas estão na sua zona de conforto e não gostam de desafios. Então a empresa precisa muita vezes mudar a sua cultura, quer dizer criar uma cultura de inovação, de criatividade. Lembro-me, por exemplo, que algum tempo surgiram àquelas empresas chamadas ?empresas. com?, o início da internet é tudo mais.
Naquela oportunidade os Y daquela época, trabalhavam com condições não muito favoráveis, ganhavam um salário que não era um salário tão alto assim.
Trabalhavam horas e horas, entretanto estavam lá constantemente, porque eles tinham um desafio, estavam criando um novo negócio que eram as ?empresas.com?. Principalmente a geração Y, pessoas da geração Y são muito suscetíveis exatamente a isso desafios, oportunidades e coisas novas, isto é eles não estão querendo ficar na sua zona de conforto o que muitas vezes acontece com o X que já está estabilizado.
Outra coisa é que a empresa precisa ao mudar sua cultura lembrar que para o que é importante para a geração X não é para a Y, como por exemplo, a estabilidade na empresa.
Foi feito uma pesquisa, não muito tempo que mostra que 48% dos integrantes da geração Y não querem fazer carreira na mesma empresa isto é, eles querem procurar diversidade, querem aprender várias coisas. Então não é fácil para a empresa manter a geração Y, mas é preciso fazer esforços nesse sentido, uma das maneiras é criando desafios.
Pós UGF: Como a empresa pode conviver com essas duas gerações e equilibrar as perspectivas de cada uma?
Prof. Luiz Eduardo Gasparetto: Uma das maneiras é dando oportunidade que as duas falem, isto é escutar a voz das duas. A empresa não pode considerar que a geração X apenas é aquela geração que tem voz ativa na empresa e também não pode achar que agora a geração Y é a grande solução para todos os problemas.
Então a própria empresa, isso é feito muitas vezes através da área de recursos humanos, ferramentas para realmente poder harmonizar, no sentido de inovações, sistemas e processos de trabalho e mesmo de tecnologia.