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Ética em Educação

22/02/2013

Ética em Educação

Por: Prof.ª Ellen Cristina Felício Rodrigues

O papel da escola frente ao desenvolvimento dos princípios éticos e à construção da cidadania.

Para a psicologia do desenvolvimento, a formação ética está intimamente ligada ao desenvolvimento da autonomia a qual é construída à medida que a criança se relaciona com o mundo externo e, principalmente, quando interage com seus pares. A relação de respeito mútuo com os adultos também intervém neste processo de construção. Propostas reflexivas de práticas educativas estimulam o desenvolvimento da formação ética, colaborando de fato para a formação de sujeitos éticos e, sobretudo, de uma sociedade também ética.

A formação ética é excepcionalmente elementar para a construção de uma sociedade digna. A educação, por sua vez, enquanto instrumento dessa construção, precisa estabelecer um processo contínuo de reflexão, aprendizagem e prática desses ethos - palavra grega que significa ?caráter?, usada para descrever o conjunto de hábitos, costumes e os traços comportamentais de um povo.

A ética se diferencia da moral por seu caráter internalista, pois a moral está preocupada com o que os outros pensam, já a ética, é um exercício cujo maior juiz é si mesmo.

A formação ética está intimamente ligada ao desenvolvimento da autonomia do ser humano, pois sem autonomia não é possível ter uma postura ética.

Piaget, em sua obra "O Juízo Moral da Criança" afirma que a criança não nasce boa nem má, mas dona de seu destino e seu desenvolvimento moral, que assim como o intelectual perpassa por diferentes fases:

1-Anomia: Esse estágio é motor e individual, através da repetição a criança estabelece as práticas;

2-Egocêntrico: Devido à incapacidade de distinguir o externo do interno, o objetivo do subjetivo a criança é incapaz de tomar decisões articulando seus interesses com os externos;

3-Cooperação Nascente: Surge a possibilidade de criação de regras e articulação cooperativa para alcançar um objetivo comum;

3-Codificação das regras: Existe um interesse efetivo pela regra, sua discussão, sua readequação e reconstrução.

Por esta razão é tão importante a interação entre pares, pois através dela a criança desenvolve a inteligência interpessoal, a afetividade e muitas outras áreas da inteligência. Para Piaget, somente a relação entre iguais propõe uma verdadeira reciprocidade capaz de proporcionar a descentralização do pensamento, a fim de permitir a construção da autonomia.

Na escola, o educador precisa buscar uma relação de profundo respeito mútuo, propiciando o acolhimento ao seu aluno e tendo com ele uma relação de empatia. Procurar conhecer suas habilidades, seus interesses e valorizar seus pontos fortes são práticas que o conquista para a aprendizagem.

A conduta de respeito mútuo contempla a construção de regras e normas de convivência e também consiste no uso de falas firmes pelo educador, sempre que necessário e punições com consequências, diretamente relacionadas às falhas cometidas.

Paulo Freire nos alerta para a importância desse querer bem sem deixar de lado a luta política pela dignidade.

Sabemos da dificuldade de tal conquista, afinal assim como a ética, a aprendizagem na maioria das vezes não traz resultados imediatos, tão cultuados pela sociedade presente.  Sendo assim, somente com a cooperação e a intervenção dos adultos, é possível haver possibilidades para construção da inteligência, personalidade, sentimento e convicções morais e sociais pela criança.

Definimos então o papel social da escola: desenvolver a autonomia em favorecimento da formação de uma postura ética.

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