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Pilates Terapêutico Aplicado nas Lombalgias por Hérnias Discais

01/08/2013

Pilates Terapêutico Aplicado nas Lombalgias por Hérnias Discais

Por:  Fst Esp Sandra Amaral
Introdução:

A lombalgia afeta de 70 a 80% da população adulta na fase economicamente ativa, embora pacientes geriátricos possuam também um alto acometimento deste distúrbio. Manifesta-se sob várias condições, sendo as hérnias discais um achado relativamente comum nestas pessoas. A proposta deste curso é compreender os fatores envolvidos em sua manifestação e oferecer uma prática clínica para o tratamento das lombalgias por hérnias discais através da técnica de Pilates Clínico, com movimentos terapêuticos dirigidos ao paciente com dor.

Histórico

O Pilates Tradicional foi desenvolvido por Joseph Pilates no início da década de 1920. Ele foi uma criança doente que sofria de asma, raquitismo e febre reumática, porém, tinha uma forte determinação de tornar-se fisicamente mais forte o que o fez estudar várias técnicas corporais ao longo de sua vida.

Pilates criou seu método através de pesquisas a técnicas orientais antigas como o yoga e atuais como a ginástica tradicional e a dança.
 
Seu Conceito foi denominado de contrologia:  controle consciente de todos os movimentos  corporais, realizando-os com concentração, consciência, respiração harmonizada a cada fase do movimento e centramento (engajamento prévio do abdômen).

A partir de estudos mais recentes realizados na Austrália e Inglaterra, a técnica passou por uma adaptação para adequá-la ao paciente com dor, que não pode ficar totalmente imobilizado, mas também não pode realizar qualquer tipo de movimento. Este paciente necessita de monitoramento constante na crise e muita consciência corporal fora dela, para executar movimentos que não causem nenhum tipo de lesão e ainda funcionem como elemento altamente terapêutico para a articulação e músculos envolvidos na dor.

                A técnica executada por fisioterapeutas compreende:

  1. Fragmentação dos movimentos originais de grande amplitude, para movimentos de pequena amplitude.
  2. Ativação simultânea ou coativação dos músculos estabilizadores profundos lombo-pélvico, a saber: assoalho pélvico (períneo), multifídio, transverso do abdômen.
  3. Embasado em pesquisas científicas largamente discutidas no decorrer do curso, onde os autores conseguem provar que a dor lombar esta relacionada com a fraqueza ou desuso da musculatura profunda do tronco e pelve e que a ativação destes músculos previnem a recidiva da dor lombar.
  4. Portanto a técnica tem como objetivo tratar e prevenir recidiva de dores músculo-esqueléticas com origem por instabilidade articular e desuso da musculatura profunda.

Não é incomum que pacientes com lombalgia sejam encaminhados para o Pilates e uma vez nestas aulas, se não estiverem sendo acompanhados por profissionais habilitados a lidar com dor, poderão ter suas dores agravadas. Portanto, como saber qual é a diferença e quando indicar uma ou outra técnica?

Vamos ver as principais diferenças entre Pilates Tradicional ou Fitness e Pilates Terapêutico ou Clínico:

  1. Pessoas Saudáveis X Pessoas com dor ou com restrições a movimentos
  2. Pessoas que querem melhorar sua performance física x Pessoas que querem recuperar sua saúde física
  3. Foco na musculatura abdominal superficial dinâmica x grande foco nos músculos profundos estabilizadores lombo-pélvico
  4. Requer grande flexibilidade e ADM e boa propriocepção para execução de movimentos complexos e associados a vários planos de movimentos como flexão e rotação do tronco x Não exige preparo prévio, pois a técnica é educativa para pessoas sedentárias ou que nunca praticaram exercícios físicos e adequada principalmente para pacientes ortopédicos, neurológicos, saúde da mulher, geriátricos, posturais e esporte na fase de recuperação.

Lombalgia por Hérnias Discais

A dor lombar pode ter várias etiologias (causas), sendo as hérnias discais um importante fator. As herniações discais são condições as quais uma parte ou toda a porção central (gelatinosa) de um disco intervertebral (núcleo pulposo) é forçado através de uma parte debilitada do anel fibroso do disco, podendo comprimir uma raiz nervosa e causar dor ou incapacidade funcional (dificuldade de movimentar-se).

Vários fatores podem ocasionar as herniações como traumas no esporte, por exemplo, sobrecargas repetidas rotacionais, como trabalhadores que levantam e abaixam transportando cargas pesadas, processos degenerativos pela idade.

O importante é que diante da dor, o indivíduo não prossiga em suas atividades físicas ou laborais, até que se descubra a origem da dor e se possa corrigir o fator causal, a postura ou o movimento que está causando o distúrbio.

Além disto, deve-se procurar ajuda médica para que se possa fazer uso de fármacos que remediarão a dor ajudando a resolver o processo inflamatório, se houver um. E ter sempre a avaliação de um fisioterapeuta, que poderá efetivamente, intervir nas mudanças posturais necessárias, além de reabilitar músculos em desuso que perpetuam a dor.

Caso não haja cuidados deste tipo, a lesão inicial na coluna poderá evoluir para uma cirurgia, o que nem sempre oferece bons resultados. Brandt e Wajchenberg em artigo publicado em 2008 revelam que em um estudo retrospectivo em pacientes operados, observou-se a deteriorização dos resultados cirúrgicos em 45% dos casos, concluindo-se que se deve manter o tratamento clínico fisioterapêutico mesmo após o tratamento cirúrgico.

A fisioterapia como ciência nova, validada na década de 1960, vem crescendo e abrangendo diversas áreas, sendo a ortopedia um importante campo de atuação do fisioterapeuta, por proporcionar à população com lesões músculo-esqueléticas, analgesia, reabilitação funcional e consciência postural.
                                                                                                                                                    

Bibliografia
Fábio Jorge Renovato França; Thomaz Nogueira Burke; Daniel Cristiano Claret; Amélia Pasqual Marques. FMUSP: Estabilização segmentar da coluna lombar nas lombalgias: uma revisão bibliográfica e um programa de exercícios. Fisioter Pesq. v.15 n.2 São Paulo  2008  Fisioterapia e Pesquisa ISSN 1809-295.

Hides, Julie A. PhD; Richardson, Carolyn A. PhD; Jull, Gwendolen A. MPhty: Multifidus Muscle Recovery Is Not Automatic After Resolution of Acute, First-Episode Low Back Pain. Spine, Volume 21(23).December 1, 1996.2763-2769

Hodges PW, Richardson CA: Inefficient muscular stabilization of the lumbar spine associated with low back pain. A motor evaluation of transverses abdominis. Spine. 1996;21(22):2640-2650.

  1. KISNER, C., COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos ? Fundamentos e Técnicas. 5ª ed. São Paulo: Manole, 2009.

Ribeiro e Gaucheé: Discografia Lombar. Acta Ortop Bras 10(3) - Jul/Set, 2002




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