OBESIDADE SAUDÁVEL - Professor Ms. Gleisson Brito
É possível ser obeso e saudável?
Novas pesquisas têm revelado que uma parcela significativa da população de obesos não apresenta qualquer indício de distúrbios no metabolismo de açucares e lipídeos, e que, mesmo sendo obesos, não têm um risco elevado para o desenvolvimento de doenças como diabetes e aterosclerose. Esses indivíduos são denominados Obesos Saudáveis.
O que torna essas pessoas "aparentemente" imunes às complicações da obesidade?
A obesidade surge comumente acompanhada de diversas co-morbidades (doenças associadas) como dislipidemias, diabetes e aterosclerose. A correlação com tais doenças caracteriza o fenótipo clássico da obesidade, que quando presentes simultaneamente em um mesmo indivíduo, passam a ser denominadas como síndrome metabólica.
A identificação de um indivíduo nessa situação passa pela dosagem de marcadores de distúrbios no metabolismo de açucares (glicemia; insulinemia), distúrbios no metabolismo de lipídeos (Colesterol total; LDL pequena e densa; LPa; HDL) e marcadores inflamatórios (Proteína C reativa (PCR); Moléculas de adesão celular (CAM´s); Citocinas). A presença de alterações nessas dosagens são indicadores (marcadores de risco) do risco de desenvolvimento das co-morbidades, e as diferentes modificações estão na dependência direta da adiposidade (quantidade de tecido adiposo). De fato, em sua maioria, os humanos obesos desenvolvem uma ou mais das co-morbidades associadas à obesidade, e apresentam alterações em diversos mercadores de risco.
Contudo, no mundo animal, a adiposidade não está necessariamente associada à doença, mas, em muitos casos, à manutenção da saúde. Basta notarmos os animais que vivem em regiões gélidas como baleias, ursos polares, focas, lobos e leões marinhos. Percebermos que o excesso de tecido adiposo não é um problema para a saúde dessas espécies, mas solução. Além disso, se analisarmos o período em que nós humanos vivíamos da caça e da coleta, fica fácil imaginar que aqueles com uma maior capacidade de armazenar energia durante períodos de fartura, seriam beneficiados fisiologicamente durante os períodos de fome intermitentes e longos. Um grande problema da sociedade moderna é de fato a alimentação ad libitum, mas este é um tema para um post futuro neste blog.
Voltando ao assunto, estas questões lançam dúvidas sobre a afirmação de que as co-morbidades da obesidade são consequência exclusiva do acúmulo de massa adiposa. De fato, a literatura identificou um subgrupo de obesos na população que não apresentam o fenótipo clássico de marcadores de risco e que, aparentemente, não estão sob a mesma probabilidade de desenvolverem as doenças associadas. Este grupo, que representa aproximadamente 15 a 25% da população de obesos, é portador daquilo que hoje se denomina Obesidade Saudável. Apesar de obesos, tais indivíduos são metabolicamente saudáveis.
Veja a continuação da matéria em: http://www.biologiadasaude.org/2011/02/obesidade-saudavel.html