O Vinho é faz bem a sua saúde? Por Marcelo Pereira
Cabernet Sauvignon, Carménère, Malbec, Shiraz, Pinot Noir... Qual será o que combina melhor com cada refeição?
Carnes vermelhas, massas, queijos...
Enfim, as opções são muitas quando entramos em uma adega e nos deparamos com uma diversidade de vinhos de diferentes regiões e diferentes safras.
Registros históricos mostram que o processo de vinificação teve início no Egito antigo, por volta de 3000 a.C. Mais tarde, o grande cientista grego Hipócrates (460 a.C. - 377 a.C.), considerado o pai da Medicina, escreveria em seus documentos a indicação do vinho como anti-inflamatório. A Bíblia também relata seu consumo em celebrações, além de uma conhecida passagem onde Jesus teria transformado água em vinho. Mas, o que importa para nós é que com a evolução da ciência dos alimentos, o vinho passou a ser considerado por nutricionistas como um alimento funcional, pois possui substâncias que podem auxiliar no combate a diversas doenças, tais como diabetes, hipertensão, cardiopatias e, até mesmo, o câncer.
Tanto na casca quanto na polpa da uva concentram-se substâncias antioxidantes que combatem o envelhecimento celular. Nas sementes também estão compostos antioxidantes importantes, como o tanino, por exemplo. Porém, o componente da uva mais estudado devido aos seus efeitos benéficos à saúde, e que está presente no vinho, é o resveratrol, um polifenol flavonóide abundante na casca das uvas e sintetizado em resposta ao estresse causado por fungos, irradiação de luz ultravioleta ou, até mesmo, danos mecânicos ao fruto. Quanto mais intensa a cor das uvas e, consequentemente, do vinho, tanto maior será sua quantidade de polifenóis. Por isso, o vinho tinto apresenta uma quantidade maior de polifenóis em relação aos outros vinhos, além do seu processo de fabricação também contribuir com essa maior concentração.
O resveratrol diminui os níveis de lipídeos no sangue e a agregação plaquetária; aumenta os níveis do colesterol HDL e reduz os níveis de LDL, impedindo a obstrução das artérias; sendo eficaz na prevenção das doenças do sistema circulatório.
Dentre os demais benefícios do resveratrol está sua alta atividade antioxidante. Já a atividade anti-inflamatória é explicada pela inibição da enzima cicloxigenase, inibindo também a síntese de tromboxinas, atuando, portanto, como um agente anticoagulante. O resveratrol possui uma estrutura molecular similar à do estrogênio sintético, portanto tem propriedades farmacológicas próximas à do estrogênio humano, podendo, assim, substituir parcialmente este hormônio no tratamento de mulheres após a menopausa.
Além disso, o resveratrol pode atuar de diferentes formas diretamente sobre o desenvolvimento de células tumorais, uma delas é pela inibição da via metabólica do ácido araquidônico, responsável por induzir a gênese de tumores; outra forma é pela inibição da proteína Cquinase, um promotor do crescimento tumoral. Estudos também indicam que os benefícios do resveratrol sobre o câncer estão relacionados à potencialização da ação dos medicamentos quimioterápicos.
Isso significa, então, que tomar vinho previne uma série de doenças?
De certa forma, ainda não podemos afirmar.
Os estudos conduzidos trabalham com doses elevadas dos flavonóides do vinho. Para que essas doses sejam alcançadas, seria necessário o consumo diário de vários litros de vinho, o que é inviável devido ao seu teor alcoólico e ao elevado custo de uma garrafa de boa procedência. Porém, a descoberta do chamado "Paradoxo Francês" foi fundamental para acelerar as pesquisas sobre os benefícios do vinho. Apesar de os franceses apresentarem níveis de colesterol similares aos dos norte-americanos, a taxa de mortalidade da população francesa por doenças do sistema cardiovascular corresponde a cerca de um terço da mesma taxa observada nos Estados Unidos. Para os pesquisadores, a causa dessa contradição é bastante simples: o francês está habituado a degustar algumas taças de vinho durante suas refeições.
Mais uma vez, a ciência dos alimentos está ao nosso favor.
E você, já decidiu qual garrafa vai abrir para o jantar?
Por Marcelo Pereira