O DESCUIDO COM A ALIMENTAÇÃO, DURANTE A GESTAÇÃO E A LACTAÇÃO, A MÃE PODE FAVORECER O APARECIMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS NA IDADE ADULTA DE SEUS FILHOS
Drª Christiane Leal Corrêa
Professora de Anatomia Patológica UGF
Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Ciências Biológicas
O estado nutricional da mãe pode
influenciar fortemente no desenvolvimento do filho. Desnutrição
mãe-filho é uma das principais causas de mortalidade infantil nos países
A falta de informações das gestantes quanto aos efeitos adversos da desnutrição durante a gestação e a lactação, pode provocar danos na criança que se propagam para a vida adulta, tais como: obesidade, hipotireoidismo, diabetes II e doenças cardiovasculares. O processo de desnutrição em período de formação, provocando erros no sistema endócrino é classificado como programação metabólica.
O termo "programação" se refere a uma alteração permanente de determinada função, conseqüente a um estímulo ou agressão (imprinting) ocorrido em um período crítico de vida, como a gestação ou lactação.
Na maioria das vezes, o estímulo indutor da programação é a falta de nutrientes para o desenvolvimento do feto, que altera a disposição de nutrientes para os tecidos com desvio preferencial de suprimento ao cérebro em detrimento dos demais órgãos, como o fígado.
Estudos realizados por Ravelli e colaboradores em 1976, foram um dos primeiros pesquisadores a relacionar a obesidade na idade adulta com a desnutrição nos primeiros dias de vida. Neste estudo epidemiológico, verificou-se maior incidência de obesidade nos filhos adultos cujas mães sofreram restrição alimentar nos dois primeiros trimestres da gestação. Posteriormente, estudos experimentais também evidenciaram tal associação.
Faz-se necessário uma atenção especial com a alimentação da mãe gestante e lactante, além de manter para a criança uma alimentação rica em nutrientes, no mínimo, até os dois anos de vida para que se evitem resultados indesejados na idade adulta de seus filhos.